terça-feira, 28 de setembro de 2004

Lira dos 20 anos

Adoro textos cujos títulos são plágios descarados de outras obras famosas. E este aqui vai ser bem comprido.

Há algumas semanas, estive conversando com um amigo um pouco mais velho que eu, que dizia ter tomado o caminho errado em algum ponto da vida. "Se há 10 anos me perguntassem como eu achava que seria minha vida, eu nunca pensaria estar onde estou.". Isso me fez pensar onde estarei, e...

Faço 20 anos hoje, minha vida ainda é curta. Há 10 anos eu estava fazendo uma festinha de aniversário improvisada em minha casa, pois passara o mês dizendo não querer nada e resolvi querer em cima da hora. Liguei para Carla, Thais e Maria, minhas melhores amigas naquela época, que foram para a minha casa comer bolo e dançar o então novo disco da Xuxa, "Sexto Sentido".

Eu era gorda, baixinha, tinha cabelos armados e estava usando uma saia escocesa. Algumas coisas NUNCA mudam... Naqueles enormes questionários, os famosos "cadernos de perguntas", quando perguntavam onde eu estaria dali a 10 anos, eu respondia "noiva, terminando a faculdade de medicina, alta, magra e loira". Disso tudo, só consegui o "loira" (e mesmo assim, estou com quase 1 palmo de raízes escuras aparecendo). Mas nem de longe me sinto fracassada quando penso nisso (afinal, o que eu mais queria mesmo era ser loira).

Aos 13 anos tive minha primeira crise existencial por falta de namorado. Hoje, aos 20, "encalhada", não estou mal por isso. Talvez por pensar que em breve tudo vá ser mais sério e eu queira viver "la vida loca" até chegar nesse estágio. Ou não, vai saber?

Há 1 ano eu estava apaixonadíssima. Meus planos eram de ter filhos bem antes dos 25. Hoje estou mais preocupada com o tema da minha monografia, que só começará a ser escrita em 3 ou 4 anos. Aliás, estou pondo em dúvida a minha certeza de querer ser mãe. O amor faz minhas idéias ficarem tortas, acho que isso não vai mudar nem aos 80.

No sábado, o Gabriel... "Cara, em 2014 você vai fazer 30 anos!", o que me deixa uma sensação estranha... Caramba, 30! Idade de tia do primário! E eu fico pensando como serão as coisas daqui a 10 anos, porque passa tão rápido! Cara, já estamos em Setembro, no finalzinho! Foi ontem que meus amigos cantaram "Parabéns" para mim no baile a fantasia do Macedão, e... Não, não foi ontem. Já faz 1 ano.

Então, 30. Será que minha avõ vai estar viva? A Suzy certamente não vai... Meu pai, aposentado. E eu trabalhando, mas... com o quê? Minha mãe com a mesma cara, ela não envelhece. Eu vou ter cabelos brancos! Levando-se em conta a carga genética, agradeço por ter nascido mulher, senão aos 30 eu sequer teria cabelos.

Filhos. E então, eu vou ter filhos? Eu vou saber cozinhar para eles? Será que eu vou casar? Já combinei com uns 4 amigos diferentes de nos casarmos caso não nos casemos (???), só para garantir.

Pretendo chegar linda, loira e sarada aos 30. E rica. Espero que consiga tudo desta vez, não só a amizade com uma garrafa de água oxigenada. Será que eu vou viver até os 30? Por que pensar nisso se eu tenho o agora?

20 anos, isso sempre pareceu tão distante... Bem, acho que agora posso desistir de vez daquele meu sonho de me tornar Paquita: estou velha demais para isso.

Anteontem conversei com um amigo meu, o Jeffin, sobre nossas memórias mais antigas. A mais antiga dele é de 1982, quando eu ainda era um óvulo dentro de minha mãe, e sequer havia sido fabricada dentro dos testículos do papai.
Lembro-me de ter batido com a cabeça na chave do armário enquanto dançava, no meu aniversário de 2 anos. Essa deve ser a mais antiga das minhas recordações.

Meu avô, que saudades! Ele ficaria emocionado em me ver com 20, um número tão redondinho e simbólico.




Algumas pessoas vêm à vida a trabalho, outras a passeio. Minha avó diz que eu vim a passeio. E, apesar das várias lágrimas que eu erramo quando estou desesperada pensando em minha fracassada vida profissional, acho que ela tem toda a razão. Minha vida é mesmo muito divertida, não tenho do que me queixar.





Provavelmente eu terei vergonha deste texto daqui a alguns meses, talvez dias, como aconteceu com meu antigo blog (que eu decidi deletar quando o primeiro amigo mencionado neste texto resolveu ler e tirar uma com a minha cara). Mas eu precisava escrever estas coisas hoje. Não por supervalorizar meus aniversários, mas por ser meu primeiro aniversário longe dos amigos velhos, longe de casa, longe até mesmo do computador e do telefone.

Eu e uns amigos da faculdade vamos almoçar num restaurante caro para comemorar (e não ter que comer aquelas coisas do bandejão outra vez). Acho que a tarde eu e um outro amigo vamos à Biblioteca Nacional visitar aquela exposição sobre o Chico Buarque.
Portanto, mamãe, não se preocupe: não vou ficar triste hoje. Não mesmo.
Este vai ser, sem dúvidas, mais um Feliz Aniversário.. Nem todos foram, quando eu fiz 8 anos meu avô fez uma cirurgia cardíaca, passei o dia no Hospital, e a noite fui tomar sorvete com minha dentista (?), que também estava em São Paulo.

Como eu dizia, vai ser mais um feliz aniversário. Um ano com paz, alegria, novas paixões, novos pensamentos, novas atitudes, e várias decepções, como todos os outros. E, como diz aquele texto que o Anderson manda aos amigos por e-mail todos os anos sobre o Natal (normalmente em Setembro, para não ser repetitivo), que eu tenha um "feliz olhar novo".

É tudo o que espero e, pretensiosamente, desejo a mim mesma.

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